Os custos de captação de recursos vão aumentar no Brasil

Peers Consulting & Technology

Peers Consulting & Technology

Tempo de leitura 5 minutos

Categoria Finance

Leia originalmente em LatinFinance

.

.

[PT/BR]

Altas nas taxas de juros pelo Banco Central do Brasil correm o risco de prejudicar empresas que precisam de refinanciamento, mas a queda nas taxas dos EUA pode impulsionar o mercado de ações.

Algumas empresas brasileiras deverão enfrentar maiores dificuldades para levantar fundos nos mercados locais após o Banco Central iniciar um ciclo de aperto monetário na quarta-feira, que pode levar as taxas de juros a até 12% no próximo ano, disseram analistas à LatinFinance.

O comitê de política monetária do Banco Central elevou a taxa básica Selic em um quarto de ponto, para 10,75%. “Isso vai impactar empresas endividadas,” disse Guilherme Sales, gerente sênior de finanças na Peers, uma consultoria. “A captação de recursos vai sofrer um grande impacto.”

“A mensagem do [Banco Central] é preocupante porque instituições financeiras e empresas sabem que os custos de refinanciamento da dívida continuarão altos, e haverá maior restrição de crédito. As empresas estarão sob maior escrutínio,” disse Rodrigo Gallegos, sócio-gerente da consultoria RGF. Ele prevê um aumento nos procedimentos de reestruturação financeira no Brasil após um ano de relativa estabilidade.

O Banco Central apertou a política monetária pela primeira vez em dois anos para conter a inflação em um cenário de crescimento econômico relativamente alto e para neutralizar o impacto de uma política fiscal expansionista. A medida veio no mesmo dia em que o Federal Reserve dos EUA iniciou um ciclo de flexibilização monetária. Em seu comunicado, o Banco Central brasileiro observou que “o ambiente externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, continua a exigir cautela das economias emergentes.”

.

.

Vibrações Positivas

Não há consenso sobre o impacto das altas de juros no mercado de capitais de ações brasileiro. “O Brasil pode se tornar menos atraente, com janelas para ofertas públicas iniciais (IPOs) permanecendo fechadas e mais seletivas para follow-ons. É o preço a se pagar por taxas de juros mais altas e uma renda fixa mais atrativa,” disse Alexandre Pierantoni, chefe de finanças corporativas da consultoria americana Kroll em São Paulo.

No entanto, alguns especialistas acreditam que a flexibilização do Fed terá um impacto maior no mercado de ações brasileiro do que o aumento das taxas internas, e dizem que isso pode estimular mais de uma dúzia de IPOs.

“O aspecto mais importante será a tendência das taxas de juros nos EUA. Isso terá um impacto material no desempenho do mercado de capitais de ações nos próximos meses,” disse Roderick Greenlees, chefe de banco de investimentos do Itaú BBA.

“As condições externas em geral estão prestes a se tornar mais favoráveis para os preços dos ativos brasileiros. Apesar das preocupações crescentes com as finanças públicas, a resiliência das contas externas continuará sendo uma fonte de estabilização,” disse Martin Castellano, economista-chefe para a América Latina no Instituto de Finanças Internacionais.

Além disso, o diferencial entre as taxas de juros de dois dígitos do Brasil e as taxas dos EUA está se ampliando, o que tende a favorecer o real. A moeda brasileira vinha se depreciando rapidamente em relação ao dólar nas últimas semanas, mas a tendência já está começando a reverter, o que ajudará o Banco Central a conter as pressões inflacionárias.

“Isso é uma contribuição que ajuda [a controlar] a inflação,” disse Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Wealth Management em São Paulo.

.

.

[EN]

Rate hikes by Brazil’s central bank risk hurting companies in need of refinancing, but falling US rates could boost equities

Some Brazilian companies are expected to face greater difficulties raising funds in the local markets after the central bank began a monetary tightening cycle on Wednesday, one that could bring interest rates to as high as 12% next year, analysts told LatinFinance.

The central bank’s monetary policy committee raised the benchmark Selic rate by a quarter-point to 10.75%. “This will impact indebted companies,” said Guilherme Sales, senior finance manager at Peers, a consultancy. “Fundraising will suffer quite a blow.”

“The [central bank] message is worrying because financial institutions and companies are aware that debt refinancing costs will continue to be high, and there will be greater credit restriction. Companies will be under greater scrutiny,” said Rodrigo Gallegos, managing partner at consultancy RGF. He predicts an increase in financial restructuring procedures in Brazil following a year of relative stability.

The central bank tightened monetary policy for the first time in two years to keep inflation in check against a background of relatively high economic growth and to counter the impact of an expansionist fiscal policy. The move came on the same day the US Federal Reserve initiated a cycle of monetary easing. In its communiqué, the Brazilian central bank noted that “the external environment, also marked by less synchrony in monetary policy cycles across countries, continues to require caution from emerging market economies.”

.

.

Positive Vibrations

There is no consensus regarding the impact of interest rates hikes on Brazilian equity capital markets. “Brazil may become less attractive with windows for initial public offerings remaining closed and more selective follow-ons. It is the price to pay for higher interest rates and more attractive fixed income,” said Alexandre Pierantoni, head of corporate finance at US consultancy Kroll in São Paulo.

However, some experts believe the Fed’s easing will have a greater impact on the Brazilian equity market than the hike in domestic rates, and say it could spur more than a dozen IPOs.

“The most important aspect will be the trend in US interest rates. This will have a material impact on the performance of ECM in the months to come,” said Roderick Greenlees, head of investment banking at Itaú BBA.

“Overall external conditions are set to become more supportive for Brazilian asset prices. Despite heightened concerns about public finances, the resilience of external accounts will remain a stabilizing source,” said Martin Castellano, chief economist for Latin America at the Institute of International Finance.

Moreover, the differential between double-digit Brazilian interest rates and US rates is now widening, which is set to favor the real. The Brazilian currency had been depreciating rapidly against the dollar in recent weeks but the trend is already starting to reverse, which will help the central bank to fend off inflationary pressures.

“This is a contribution that helps [control] inflation,” said Gino Olivares, chief economist of Azimut Wealth Management in São Paulo.

Voltar para todos os artigos
[bws_pdfprint display="pdf"]