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Varejo de vestuário apresentou alta no segundo trimestre

Publicado originalmente Monitor Mercantil, Times Brasil, Agência DC News

 

Apesar da elevação de 71% no PIB nacional, setor enfrenta desafios

O setor de varejo de vestuário apresentou resultados robustos no segundo trimestre, com destaque para a Renner que manteve sua liderança com receita líquida de R$ 3,6 bilhões e margem Ebitda de 24,4%, consolidando sua posição através de tecnologia avançada e aumento de 18% no GMV digital. A C&A demonstrou forte recuperação com crescimento de 113,2% no lucro líquido, expansão operacional de 1,7 p.p na margem Ebitda e crescimento de 64,2% na categoria Beleza, evidenciando a eficácia de sua estratégia de diversificação. A Riachuelo registrou crescimento de 13,9% na receita e lucro recorde para um segundo trimestre, enquanto a Azzas consolidou sua posição como maior grupo de moda da América Latina, com foco em disciplina financeira e descontinuação de 5 marcas para otimização do portfólio.

Segundo Admar Corrêa, diretor-executivo e líder do Setor de Varejo e Bens de Consumo da Peers Consulting + Technology, o setor está passando por uma transformação estrutural caracterizada por digitalização acelerada, com investimentos estratégicos em algoritmos preditivos e motores de busca otimizados que resultaram em crescimento médio de 15% no GMV online.

Nos últimos 25 anos, o consumo de vestuário no Brasil cresceu 42% em número de peças, com uma mudança significativa no estilo das roupas, que se transformaram em produtos mais leves, informais, confortáveis e baratos. A informação é do estudo “Brasil Têxtil: 25 anos”, elaborado pelo Inteligência de Mercado (Iemi), que traça um panorama abrangente da indústria têxtil, do varejo e dos hábitos de consumo de moda entre os anos 2000 e 2024.

Com base em dados socioeconômicos e industriais, o estudo mostra que, apesar do crescimento de 85% no consumo total das famílias e da elevação de 71% no PIB nacional, o setor de vestuário enfrenta desafios, dentre eles, o envelhecimento da população, a valorização de roupas mais confortáveis e informais, e a forte penetração de produtos importados, que aumentou 585% em volume desde 2000.

Em 2024, o vestuário ocupou o terceiro lugar entre os maiores gastos das famílias com bens de consumo no Brasil, representando 3,9% do total de R$ 3,45 trilhões, atrás apenas da alimentação no domicílio (10%) e da aquisição de veículos (4,9%).

Setor de costura ressurge como peça-chave no avanço do consumo consciente

Já segundo pesquisado Think With Google, 85% dos brasileiros afirmam estar tentando consumir de maneira mais consciente. A ideia de “comprar menos e melhor” cresce especialmente entre os mais jovens, que veem na durabilidade das peças uma forma de expressão, economia e responsabilidade ambiental. E é nesse cenário que um setor historicamente invisibilizado ganha nova força: o de ajustes de roupas.

Silencioso, muitas vezes informal e quase sempre subestimado, o mercado de costura lida com uma demanda que resiste ao tempo e aos modismos: a roupa precisa servir – seja ela nova, antiga ou de brechó. E, diante da desaceleração do consumo no varejo e da popularização da moda circular, o que antes era visto como reparo vira escolha consciente.

Admar Neto

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