Evolução de Estoque e Ruptura no Varejo Farma

Apesar de ser um desafio durante o ano todo, equilibrar ruptura e estoque é ainda mais desafiador num período de Black Friday. Apostas erradas aqui podem gerar rupturas indesejadas, excesso de estoque e o que é pior, ruptura durante a Black Friday e excesso de estoque após a Black Friday. 

 

 

Otimização de Estoques

A otimização de estoques buscando o melhor equilíbrio entre estoque e ruptura é um dos principais desafios de operações das mais diversas indústrias. 

Ter estoque implica em 3 custos principais: custo de capital (normalmente o mais relevante), custo fixo de armazenagem, custo de perda. 

Ter falta de estoque (ruptura) implica minimamente na venda perdida (margem bruta não capturada) mas pode ter outros efeitos colaterais adicionais.

 

Estoque

Ao analisarmos a evolução da cobertura de estoque dos últimos 4 anos do varejo farmacêutico no Brasil notamos uma certa estabilidade dos valores em torno de 100 dias. Grandes redes tendem a ter um estoque ligeiramente superior do que demais varejistas, pois os primeiros tipicamente possuem seus próprios Centros de Distribuição e são abastecidos diretamente pelas indústrias, enquanto que os demais não possuem Centros de Distribuição próprios e são atendidos em sua maioria por Distribuidores. 

Fonte: Peers Data Hub (Repositório de dados públicos CVM Brasil de DRE e BPs que permite o cálculo de KPIs de Supply Chain e negócios)

 

Ruptura

Ao analisarmos a evolução da ruptura comercial disponível dos últimos anos, notamos uma redução nos últimos 3 anos. Isto é um indicativo de queda na demanda ou de melhoria no processo de abastecimento, uma vez que a política de estoque se manteve constante. 

Fonte: ABRAPPE 

 

Financeirização

Ao avaliarmos uma diferença no comportamento das curvas de custo financeiro de estoque e custo financeiro de ruptura, notamos que não houve uma ação para otimizar o custo total (estoque + ruptura). Vale ressaltar que um dos principais componentes do custo de estoque, o custo de capital, variou significativamente no período analisado (2% a 10%). Contudo isto parece não ter se refletido na política de estoque, que se manteve no patamar de 100 dias. Por fim nos anos de 2022 e 2023 o custo de estoque é muito superior ao custo de ruptura, o que indica uma oportunidade de racionalização de estoques. 

Premissas: Custo capital = Selic, Custo fixo de armazenagem 5%, Custo de perda 1%, Perda de Venda por ruptura = 1x Margem de Contribuição

 

Conclusão

Apesar da mudança no custo de capital e na variação da grandeza operacional de ruptura, a política de estoque se manteve constante, gerando um descompasso entre custo financeiro de estoque e de ruptura. Revisitar periodicamente as políticas de estoque à luz da financeirização do custo total de estoque e ruptura é importante para a otimização de estoques e saúde financeira das empresas.