Private equity vê retomada de crescimento no Brasil
Publicado originalmente em Money Times
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Os investimentos em private equity no Brasil somaram R$ 5,4 bilhões, uma queda de 19,4% em relação ao mesmo período de 2023. (Imagem: Leung Cho Pan/ Canva Pro)
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O mercado global de private equity (PE) e venture capital (VC) tem enfrentado retrações sucessivas nos últimos anos, pressionado por fatores como o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos (+525 bps de março de 2022 a julho de 2023) e crises geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Segundo dados da Standard & Poor’s Global Market Intelligence, as transações de PE e VC atingiram os menores valores e volumes globais dos últimos cinco anos. O valor transacionado caiu 34,7% em 2023, para US$ 474,1 bilhões, enquanto o volume se reduziu em 31,5%, para 12.016 transações no ano passado.
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Apesar dessa trajetória de queda persistente e dos elevados níveis de incerteza quanto ao crescimento econômico global, há sinais de que o pior pode estar passando e que um processo progressivo de recuperação está em curso.
Projeções da Dealogic indicam que o valor global de transações de PE e VC deve crescer 18% em 2024, com saídas de investimentos previstas para atingir um valor 17% superior ao de 2023.
Essas perspectivas, embora não eliminem a pressão sobre investidores e gestores de fundos, ao menos trazem um ânimo renovado para enfrentar um mercado mais seletivo e desafiador.
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Panorama e perspectivas para private equity no Brasil
No Brasil, o mercado de private equity vem ganhando maturidade e se consolidando como uma opção cada vez mais relevante no portfólio de investidores, com a presença crescente de fundos gestores e a evolução das práticas e regulamentação de mecanismos de investimentos.
Como demonstração da consistência deste mercado, um estudo conduzido pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), Insper e Spectra sobre o desempenho de investimentos em PE e VC no Brasil mostra que o Multiple on Invested Capital (MOIC) médio foi de 2,9 em dólar entre 1994 e 2023, equivalente a uma taxa média de retorno de 25% ao ano.
O período médio de permanência (entre a entrada e saída dos fundos) foi de 4,7 anos, considerando mais de 1.500 operações no período.
Recentemente, o mercado brasileiro apresentou um movimento de retração semelhante ao observado globalmente. Entre janeiro e maio de 2024, os investimentos em private equity no Brasil somaram R$ 5,4 bilhões, uma queda de 19,4% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a TTR Data.
Desde 2022, a B3 não registra novas listagens de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações), algo que não ocorria há mais de duas décadas, prolongando o período de permanência dos ativos nos fundos de private equity e impondo pressão sobre as taxas de retorno, limitando a capacidade para novos investimentos.
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Apesar dessa retração, há uma expectativa de retomada do crescimento no horizonte próximo, impulsionada pela redução das taxas de juros e por teses de investimento associadas a movimentos disruptivos e estruturais em larga escala, como a transição da matriz energética, sustentabilidade e inteligência artificial.
No Boletim Focus publicado pelo Banco Central em junho, a projeção da taxa Selic para 2025 é de 9,25%, combinada com um IPCA anual de 3,78%, ambas ligeiramente inferiores às projeções para 2024. Assim, a perspectiva de um cenário macroeconômico mais favorável começa a tomar forma, ainda que com um “otimismo cauteloso”.
Em relação aos investimentos, teses associadas à tecnologia despertam interesse crescente dos investidores, apesar do perfil de risco mais elevado. Entre 1994 e 2023, investimentos em negócios de tecnologia representaram 52% das transações e apresentaram maior retorno, com MOIC médio de 3,9 (vs. 2,6 em ativos não relacionados à tecnologia). No entanto, 40% dos negócios resultaram em perda total do investimento, enquanto 13% alcançaram MOIC acima de 5x e 8% atingiram MOIC acima de 10x.
No plano regulatório, a Resolução CVM 175 (publicada em outubro de 2023, dispondo sobre constituição, funcionamento e divulgação de informações dos fundos de investimento, além da prestação de serviços para estes) representa um avanço estrutural, ao consolidar e simplificar o arcabouço regulatório dos fundos, substituindo a Instrução CVM 555 e outras 38 normas, reduzindo divergências de interpretação e elevando segurança jurídica, incluindo a normatização de FIPs (Fundos de Investimento em Participações) e FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), mecanismos típicos para captação de recursos.
Em resumo, diante das maiores dificuldades para captação de recursos e saída de investimentos, a pressão sobre retorno se intensifica na diligência na qualificação de negócios e geração de valor nas teses, fundamentos básicos em private equity. O fortalecimento dessas capacidades se mostra essencial na retomada do crescimento de private equity no Brasil e no mundo.
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