Planejamento estratégico da Sustentabilidade: a demanda por mudanças e integração entre áreas
Muito além de uma norma a se seguir por líderes e colaboradores, a sustentabilidade vem cada vez mais ganhando espaço como base para o sucesso duradouro de qualquer empresa, independentemente do tamanho.
O tema é prioridade máxima para 1 em cada 10 CEOs e continua a crescer como prioridade ano após ano (Fonte: Gartner). Seja para um CEO ou Diretor responsável, implementar a sustentabilidade em uma organização exige uma integração de práticas responsáveis no cerne dos negócios, demonstrando que a empresa tem de fato um compromisso com práticas mais sustentáveis contemplando questões ambientais, sociais e de governança.
No epicentro desse movimento está o planejamento estratégico, o ritual que dá vida aos objetivos e modela os negócios. Através dele, a sustentabilidade é avaliada em dois vetores cruciais: a criação de valor e a redução de riscos.
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Criação de Valor
Para criar valor a partir da sustentabilidade, é preciso que haja um alinhamento claro com a missão. Por que a sustentabilidade é importante para a missão da empresa? Quais OKRs tangibilizam esta percepção? Para quando? Qual o posicionamento da marca e os valores da empresa por trás das iniciativas sustentáveis?
Estas questões podem parecer superficiais para algumas indústrias, porém são pontos centrais para empresas de Alimentos, Bebidas e Varejo. Há que se ter uma coerência testada em toda a cadeia de valor, que precisa ser bem alinhada entre os stakeholders e comunicada em termos de metas específicas ao longo dos anos.
Além disso, deve-se ter clareza em relação a orçamentos e time necessário. Algumas perguntas importantes a se fazer: quais recursos serão utilizados? Há um “squad” com um time multidisciplinar? Foram identificadas oportunidades para utilização de linhas de créditos específicas para projetos de Sustentabilidade?
A geração de valor então surge para as empresas de diversas formas, como por exemplo:
– Aprimoramento da performance operacional: A sustentabilidade não só reduz custos e aumenta eficiência, mas também eleva a qualidade dos produtos e serviços.
– Aumento da competitividade: Boas práticas atraem talentos, fidelizam clientes e diferenciam a empresa no mercado.
– Maior captação de investimentos: Investidores buscam cada vez mais empresas práticas mais sustentáveis e responsáveis.
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Redução de Riscos
Com exigências cada vez maiores em relação à sustentabilidade por parte das empresas, implementar os pilares do ESG no planejamento estratégico irá minimizar diversos riscos para os negócios. Essa redução de riscos pode acontecer em diversos âmbitos, como:
– Riscos regulatórios: A crescente regulamentação em sustentabilidade pode gerar multas e as empresas precisam se adaptar para evitar penalidades.
– Riscos de mercado: Mudanças nas preferências podem prejudicar empresas sem práticas sustentáveis. Manter-se alinhado ao mercado e às demandas do consumidor é vital.
– Riscos reputacionais: Falta de clareza nas alegações de sustentabilidade nos produtos e serviços podem ferir a imagem das empresas e até implicar em acusações de “green washing”. Visto que não existem “produtos sustentáveis”, é imprescindível comunicar com clareza e honestidade os produtos com neutralidade de emissão de carbono, embalagens recicladas, origens de fontes renováveis e assim por diante.
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Planejamento Estratégico
No âmbito do planejamento estratégico, três momentos destacam-se na implementação da sustentabilidade ao core da companhia: o Market Scan, Go To Market e o Route to Market.
O Market Scan identifica oportunidades sustentáveis e mapeia as demandas do mercado quanto aos temas de demanda de produtos sustentáveis, assim como alternativas de fornecedores, competidores e até modais de abastecimento.
O Go To Market e o Route to Market desempenham um papel crucial no detalhamento da operacionalização da estratégia na cadeia de abastecimento do Varejo e de Bens de Consumo. Nestes estudos, são avaliadas métricas de custo de servir, lucro de servir e indicadores de sustentabilidade tais como redução de emissões de CO2, utilização de produtos e serviços com insumos provenientes de fontes renováveis, otimização de processos circulares e conexão com cooperativas de reciclagem.
Neste processo, o CEO desempenha um papel crucial ao liderar a sustentabilidade no planejamento estratégico como um tema essencial. Segundo a Gartner, cerca de 70% dos CEOs no mundo planejam investir em novos produtos sustentáveis ou fazer os produtos atuais mais sustentáveis, enquanto cerca de 74% dos líderes de supply chain esperam que as atividades na economia circular gerem impacto positivos na lucratividade até 2025.
É importante lembrar que a definição da materialidade deve ser criteriosa e alinhada à missão da empresa para desenhar o modelo de negócio de maneira assertiva. Com estes pontos de discussão bem definidos e discutidos, será possível extrair o máximo de benefício da sustentabilidade dentro das empresas – de maneira prática e estratégica.
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