Visões ESG: Explicando a letra E
Paulo Morais, Principal da Peers participou do episódio #005 da série Visões ESG da BandNews FM.
Neste episódio, foi discutida a importância da letra “E” em ESG (Environmental, Social, and Governance) e como práticas sustentáveis podem beneficiar o meio ambiente, além de impulsionar a inovação e o crescimento empresarial.
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Assista ao podcast completo e entenda como transformar desafios ambientais em oportunidades de negócios!
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Transcrição:
Entrevistador: Olá seja bem-vindo bem-vinda a mais um episódio do podcast visões ESG, que aqui a gente traz para você um pouco desse universo mais ligado à parte Empresarial, falando de financiamentos e pensando no futuro. A partir de agora a gente vai ter uma série de três episódios que vai desmembrar cada letrinha: começando com E, depois a gente vai pro S e termina com o G. O E que não é nem E, a gente vai explicar isso já já. E para isso, a gente tem um convidado especial que está aqui com a gente, é o Paulo Morais, Diretor e Líder de Práticas e Experiências em Eficiência da Peers Consulting & Technology. Ele vai trazer um pouco essas três letrinhas, essa sopa de letras, então fique ligado porque o Visões ESG já está no ar! Vamos investir no futuro hoje?
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Entrevistador: Tudo bem Paulo? Bem-vindo ao Visões ESG.
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Paulo Morais: Tudo bem Marcos. É um prazer estar aqui com vocês, obrigado pelo convite. É um grande prazer aqui dividir um pouco do conhecimento com vocês.
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Entrevistador: Paulo vamos começar então com a letra E, que pode ser E e que na verdade é A. Explica um pouco pra gente o que seria essa primeira letra do ESG.
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Paulo Morais: Legal! Quando a gente fala de sustentabilidade de maneira geral e entrando especificamente no tema ambiental, que em inglês seria o E e em português seria o A, aqui a gente pode explorar alguns temas muito relacionados ao aquecimento, a como mitigar os efeitos e impactos do aquecimento global e, consequentemente, as mudanças climáticas que ocorrem através desse aquecimento. Só passando, dando um pouco de contexto, não sei se é de conhecimento de todo mundo, mas o mundo como um todo, ele vem sofrendo um processo de aquecimento gradativo, sendo acelerado nos últimos anos, que isso causará uma série de mudanças climáticas que nós estávamos acostumados como seres humanos. O que isso impacta na nossa vida do dia a dia? Isso causa um efeito muito drástico de mudanças climáticas no dia a dia que, consequentemente, se altera profundamente o regime de chuvas e secas que ocorrem em determinadas regiões. E aqui no Brasil a gente pode falar especificamente das regiões Norte e Nordeste e das regiões Sul e Sudeste, onde nós perceberemos cada vez mais os efeitos dessas mudanças climáticas no decorrer do tempo. E quando a gente fala de práticas de ESG, mais especificamente da parte ambiental, aqui no âmbito Empresarial nós estamos falando especificamente de como reduzir através da operação das empresas esses impactos dessas mudanças climáticas e, consequentemente, como que a gente adapta essas operações, esse estilo de vida, esse estilo de operação, para que a gente conviva em um mundo que emita menos carbono e que tenha uma redução drástica nas emissões de carbono, que são os efeitos causadores dessas mudanças que eu comentei anteriormente.
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Entrevistador: Então a gente começa aqui esse papo e outros dois que teremos também e convido você até já se inscrever no nosso canal no YouTube ou na playlist do podcast para se preparar pros próximos. A gente vai separar em desafios, oportunidades e também ações. Como você disse inicialmente, o desafio principal é a preocupação com o meio ambiente, a gente vive a tragédia no sul do país, um mês de maio com temperaturas elevadíssimas aqui no Sudeste, um período que a gente já poderia estar sentindo um pouco mais de frio, mas ainda com calor com uma seca bem intensa, o fenômeno El Niño embora o La Niña chegando…o que que a gente pode trazer de desafios para as empresas nesse primeiro momento com a letra E que na verdade pro português é o A de ambiental?
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Paulo Morais: Legal Marcos. Quando a gente fala de mudanças climáticas aqui na América do Sul e mais especificamente no Brasil, o que a gente começa a sentir efeito são cada vez mais regimes de chuva cada vez mais severos e, também, regimes de seca cada vez mais severos. E quando que a gente olha isso para as operações da empresa, isso pode impactar diretamente a sua cadeia de fornecimento. Vamos pensar que nós fomos acostumados como empresa a sempre a transformar recursos naturais em produtos e manufaturados que, consequentemente, dentro de uma cadeia global, qualquer tipo de mudança daquilo que eu espero entre regimes de chuva e regimes de seca, isso pode ocasionar riscos para minha cadeia de fornecimento, impactando diretamente a minha propensão, o meu potencial, a minha potencial receita no futuro. Ou seja, esse risco de interrupção na cadeia de valor que, no caso lá do Rio Grande do Sul, se vocês observarem grande parte das empresas do estado, elas foram impactadas que isso gera um efeito em cadeia para toda a cadeia de fornecimento brasileira. Se a gente não investir em mitigação desses efeitos, em mitigação desses riscos, a gente pode ter impactos diretos na nossa capacidade de geração de receita no futuro. E esse é o principal objetivo da gente investir em redução de pegada de carbono e, consequentemente, em adaptação às mudanças climáticas dentro de nossas operações, dentro da nossa cadeia de fornecimento.
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Entrevistador: A gente pode falar um pouco também de biodiversidade para algumas empresas que precisam de retirada de seus insumos para serem comercializados e, um outro lado também a escassez de recursos naturais, como é que a empresa se preocupa também com isso?
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Paulo Morais: Exatamente. Quando a gente pega cadeias de fornecimento muito longas como são a cadeia do agronegócio ou até mesmo a cadeia de transformação de bens de consumo, muito dos insumos que são utilizados dentro dessas empresas, eles provém do agronegócio que são retirados diretamente através do uso dos recursos naturais daquela região, que normalmente eles são amplificados através do primeiro, retirada da vegetação original para posterior plantil e, consequentemente, produção desses insumos que são utilizados nessas cadeias. Quando a gente altera essa vegetação original, a gente aumenta e intensifica a produção de carbono, que intensifica as mudanças climáticas e, consequentemente, isso gera os efeitos adversos que eu comentei anteriormente. A partir do momento que a gente começa a investir em preservação florestal dessa vegetação nativa ou de recomposição dessa vegetação, a gente consegue minimizar esses efeitos e, consequentemente, esses efeitos adversos eles também são minimizados. E quais são as alavancas que podem ser exploradas nesse sentido? Primeiro a floresta que está em pé, ainda que ainda não foi retirada, a gente ter programas e políticas de preservação dessa vegetação nativa e, para aquilo que a gente consegue recuperar, investir em recuperação para que a gente consiga transformar essa vegetação nativa com o tempo em uma operação de captura de carbono e, consequentemente, de regulação daquele microclima naquela região para minimizar esses efeitos. Isso tudo, apesar de parecer muito difícil de se executar no curto prazo, através da colaboração entre as empresas e o setor público isso é possível alguns casos de sucesso ocorrendo, inclusive aqui no Brasil.
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Entrevistador: E a gente quando fala de problemas, a gente também tem para enfrentar esses desafios, as oportunidades. E aí a gente pode entrar em economia verde, eficiência energética, economias renováveis, a própria mobilidade urbana sustentável também, na parte do agronegócio temos a agricultura sustentável. Vamos trazer um pouco também o que que essas adversidades, esses problemas climáticos que estamos vivendo pode trazer de oportunidade para um investidor.
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Paulo Morais: Quando a gente fala de oportunidades, aqui a principal delas é que como o efeito das mudanças climáticas impactarão todos os setores da economia e todas as empresas, quem estiver preparado de maneira antecipada terá uma grande vantagem competitiva do ponto de vista mercadológico, mas como garantir essa vantagem competitiva? Primeiro eu preciso ter o assunto, a temática de sustentabilidade dentro da estratégia da minha empresa para que a gente consiga prever recursos necessários e investimentos necessários para que a gente possa endereçar iniciativas práticas sobre esse tema. E aqui a gente pode explorar algumas coisas dependendo do setor da economia: quando a gente fala de indústrias de transformação, acho que o primeiro ponto é investir em programas de descarbonização, ou seja, como que eu reduzo a minha pegada de carbono através de tecnologias verdes, podendo ser o uso de energias renováveis, o investimento em tecnologias e processos produtivos que emitam menos carbono, em economia circular onde eu reaproveito os resíduos da minha cadeia para que eu minimize a retirada de recursos naturais dentro da minha cadeia de fornecimento, e assim por diante. Quando a gente fala de setores como o agronegócio, aqui a gente tem oportunidades de aumentar produtividade da minha área plantada para não necessitar retirar vegetação nativa para aumentar a minha capacidade produtiva e, consequentemente, como que eu elenco e implemento tecnologias mais sustentáveis de produção para minimizar o uso de recursos naturais, como terra nesse primeiro exemplo e o consumo de água que também no agronegócio é bastante intensivo.
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Entrevistador: A gente pode trazer também, quando a gente fala de meio ambiente, a própria mobilidade urbana, muito se pensa assim: então que que a mobilidade tem a ver com o solo, tem a ver com a capacidade de uma plantação? Tudo, porque o veículo acaba emitindo gases de efeito estufa na atmosfera e a gente pelo menos aqui no Rio de Janeiro tá tendo uma mudança de comportamento, as pessoas utilizando mais bicicletas elétricas, temos os carros elétricos também, o próprio transporte público automaticamente a energia ainda precisa do meio ambiente em alguns pontos para ser gerada, mas trem, metrô, VLT, como essa possibilidade de mobilidade urbana entra também nessa visão ESG.
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Paulo Morais: Legal. Quando a gente fala de mobilidade urbana, além do impacto direto da transformação e da criação do produto, que pode ser um automóvel, uma bicicleta, um veículo como no caso trem, que eu preciso transformar minério de ferro em aço para produzir o automóvel propriamente dito, o grande impacto em ambientes urbanos é o consumo de energia, que grande parte da mobilidade no Brasil ele ainda é dependente de combustíveis fósseis, então eu extraio o petróleo que é um combustível fóssil, transformo isso em gasolina e, consequentemente, eu queimo essa gasolina para ativar esses meios de transportes que emitem esses gases de efeito estufa que causam a alteração climática, o aquecimento global e as mudanças no clima. E, consequentemente, se eu escolho meios de transporte que são mais sustentáveis e aqui você bem exemplificou o uso do VLT que consome energia elétrica, bicicletas que a própria energia mecânica humana que faz o meio de transporte ou até mesmo veículos mais sustentáveis, como é o caso de veículos híbridos e elétricos, eu deixo de emitir aquele gás de efeito estufa naquele local, como é o caso do exemplo da cidade do Rio de Janeiro e, consequentemente, isso em larga escala eu melhoro o clima naquele local e minimiza os efeitos de chuvas intensas, de secas intensas e de qualidade do ar, que normalmente em tempos mais secos agora entrando o inverno, a gente vai começar a sentir principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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Entrevistador: Agora vamos para a parte da das ações Paulo, e vamos pensar um pouco na também do outro lado não só na parte empresarial, mas na parte do consumidor, como esse consumidor pode contribuir para um futuro mais sustentável?
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Paulo Morais: Legal. Olhando do ponto de vista do consumidor, eu acho que a principal alavanca e oportunidade que a gente tem em ação prática que a gente pode tomar no dia a dia é ter um consumo mais consciente. O que seria esse consumo mais consciente? Reduzir a quantidade daquilo de produtos e serviços que eu consumo e, consequentemente, ao escolher um determinado produto serviço, sempre escolher um produto que seja mais sustentável, ou seja, que emita menos carbono que vem de uma origem mais sustentável ou de uma cadeia mais sustentável. Ou seja, essas escolhas no dia a dia, elas vão fomentar que as empresas também mudem o seu comportamento para que acompanhe esse ritmo e esse novo comportamento do consumidor, facilitando todo o processo de renovação e inovação da cadeia de fornecimento, que tende a acelerar muito essa parte de mitigação dos efeitos adversos que a gente vem encontrando no meio ambiente.
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Entrevistador: E a gente trouxe aqui já alguns exemplos de como as empresas podem ajudar a reduzir este impacto e pra gente fechar vamos falar também um pouco da outra ponta desse triângulo: as políticas públicas. Como podem ser implementadas para promover esse desenvolvimento ambiental?
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Paulo Morais: Legal. O que a gente tem visto nessa seara principalmente em economias mais desenvolvidas, como é a economia europeia e a economia americana, é uma certa restrição do ponto de vista de políticas para mercados que são grandes emissores de carbono, como é o mercado de automobilístico, como é o mercado de transformação de base. E aí, consequentemente, apesar da restrição de um lado, é feita algumas políticas também de fomento e de inovação em áreas mais sustentáveis, como é a área de energia elétrica, como é a área de produção de veículos que utilizam essas energias renováveis e, consequentemente, a gente ajusta a balança de incentivos para que as empresas tenham o incentivo de financiar e investir em temáticas relacionadas à sustentabilidade. E aí, consequentemente, esse produto ou serviço, ele chega nas mãos do consumidor de uma maneira muito mais atrativa que normalmente ocorreria caso a gente não tivesse esses incentivos e essas políticas públicas in place.
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Entrevistador: Paulo Morais, gostaria de agradecer você dessa primeira parte da gente desmembrando o ESG. Hoje falamos sobre o meio ambiente, sobre o ambiente a letra E ou letra A do ESG.
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Paulo Morais: Obrigadão viu, eu que agradeço o convite e espero ter contribuído com um pouco de conhecimento para todos.
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Entrevistador: Primeira etapa de três: desmembrando um pouco o ESG. Hoje falamos da parte ambiental, semana que vem tem o social e se você está gostando, se inscreva aí no nosso canal no YouTube ou nas plataformas de Podcast também. Pode chegar mais o visões ESG vai ao longo dos próximos meses trazer um pouco mais de conteúdo para você aqui na Band News FM – Visões ESG investindo no futuro hoje. Tchau.
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