Evolução de Estoque na Indústria de Alimentos

Apesar de ser um desafio durante o ano todo, equilibrar ruptura e estoque é ainda mais desafiador num período de Black Friday. Apostas erradas aqui podem gerar rupturas indesejadas, excesso de estoque e o que é pior, ruptura durante a Black Friday e excesso de estoque após a Black Friday.

 

 

Otimização de Estoques

A otimização de estoques buscando o melhor equilíbrio entre estoque e ruptura é um dos principais desafios de operações das mais diversas indústrias. 

Ter estoque implica em 3 custos principais: custo de capital (normalmente o mais relevante), custo fixo de armazenagem, custo de perda.

Ter falta de estoque (ruptura) implica minimamente na venda perdida (margem bruta não capturada) mas pode ter outros efeitos colaterais adicionais.

 

Estoque 

Ao analisarmos a evolução da cobertura de estoque dos últimos 4 anos da indústria de alimentos no Brasil notamos uma certa estabilidade em torno de um patamar 55 dias. Se considerarmos o aumento significativo do custo de capital, um dos mais relevantes do custo de estoque de 2% para mais de 10% nos últimos anos (taxa SELIC), temos um impacto relevante no custo de estoque das indústrias deste segmento. Esta estabilidade indica provável manutenção da política de estoques ao longo dos anos mesmo com mudança relevante no custo de capital. 

Fonte: Peers Data Hub (Repositório de dados públicos CVM Brasil de DRE e BPs que permite o cálculo de KPIs de Supply Chain e negócios)

  

Ruptura

Embora não existam reportes setoriais estruturados da Ruptura na Indústria como existe no Varejo, é possível analisar que a margem bruta (principal elemento de financeirização da ruptura) teve certa redução a partir de 2020 de um patamar de 23,5% para um patamar de 19%. Movimento similar ocorreu com o GMROI, indicador que busca medir o impacto do estoque na lucratividade bruta da empresa, caindo de 2,4 para um patamar em torno de 1,8. Isto pode indicar um “excesso de estoque” para o segmento, uma vez que o custo da ruptura tende a ser menor (menor margem) e o custo do estoque maior (maior custo de capital).

Fonte: Peers Data Hub (Repositório de dados públicos CVM Brasil de DRE e BPs que permite o cálculo de KPIs de Supply Chain e negócios).

 

 

 

Conclusão

Existem indicativos de manutenção da política de estoque (estabilidade de cobertura de estoque) mesmo com aumento do custo de estoque (aumento custo de capital) e redução do custo de ruptura (redução do lucro bruto), o que aponta para um possível “excesso de estoque”. Uma medição e financeirização da Ruptura poderia ajudar a aumentar a precisão desta análise, contudo estudos setoriais deste indicador na indústria não são tão comuns quanto no varejo. Revisitar periodicamente as políticas de estoque à luz da financeirização do custo total de estoque e ruptura é importante para a otimização de estoques e saúde financeira das empresas.