Visões ESG: explicando a letra G
Paulo Morais, Principal da Peers Consulting & Technology, participou do episódio #007 da série Visões ESG da BandNews FM.
No terceiro e último episódio, foi discutida a importância da letra “G” em ESG (Environmental, Social, and Governance) e como a governança pode alinhar interesses entre empresas, sociedade civil e esfera pública, promovendo transparência e boas práticas corporativas.
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Assista ao podcast completo e descubra como a governança pode ser a chave para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades no cenário corporativo atual!
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Transcrição:.
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Entrevistador: Olá bem-vindo/bem-vinda a mais um episódio do podcast Visões ESG. A gente tá numa série de três programas que vem desmembrando um pouco mais essas três letrinhas: E S G. Já falamos do E, já falamos do S, e hoje é a vez do G. Então se você quiser acompanhar um pouco mais esse fio da meada, só voltar nos episódios anteriores, e se você já ouviu os dois episódios anteriores, junte-se a nós e também ao Paulo Morais, que é o nosso convidado, tá ajudando a gente a explicar um pouco mais essas letrinhas. Ele é Diretor e Líder de Práticas de Experiência e Eficiência da Peers Consulting & Technology e tá aqui com a gente junto nesse programa. Então chegue mais porque o Visões ESG está no ar! Vamos investir no futuro hoje?
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Entrevistador: Paulo mais uma vez, pela terceira vez, bem-vindo ao Visões ESG.
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Paulo Morais: Obrigado Marcos novamente pelo convite e obrigado a todos por estar acompanhando essa série de episódios, estamos juntos.
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Entrevistador Chegamos à letra G Paulo, governança, em que digamos assim, caminho a gente segue para explicar de governança?
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Paulo Morais: Governança nada mais nada menos, que é a forma que as empresas e as instituições têm para garantir que as duas alavancas que a gente comentou nos episódios anteriores sejam direcionadas e executadas com qualidade dentro das suas operações. Quando a gente fala de governança, a gente pode falar de governança corporativa que é como que as empresas regem seus ritos e suas rotinas para a tomada de decisão estratégica e como isso é desdobrado para execução dentro da operação, ou a gente pode falar da governança relacionada ao ESG ou a sustentabilidade, que é como que a gente coloca o assunto de sustentabilidade do ESG na estratégia da empresa junto à governança corporativa, como que as decisões elas podem ser tomadas dentro desses ritos e rotinas e, consequentemente, elas podem ser desdobradas para a execução através de iniciativas dentro da operação, ou seja, esse pull de ferramentas e de governança elas podem ser utilizadas para alavancar o resultado das iniciativas relacionadas ao ESG. E é uma boa prática para toda empresa que sustentabilidade esteja alinhada à estratégia e, consequentemente, para eu garantir que isso seja executado os ritos de governança elas precisam também estar sendo executadas.
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Entrevistador: E dentro dos desafios de governança, temos corrupção, falta de transparência na esfera pública, temos a ineficiência administrativa, a desigualdade de acesso à justiça em segurança jurídica, violação de direitos políticos e civis, enfim, a gente tem alguns problemas nessa área de governança, digamos assim, para a gente trazer de um modo geral, muitas empresas acabam ocultando alguns dados para se beneficiar na frente. Explica um pouco pra gente dos desafios na área de governança.
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Paulo Morais: Acho que o principal desafio quando a gente fala de governança corporativa e sustentabilidade, está com relação a como alinhar os diferentes interesses entre empresas, sociedade civil e governança, desculpa, e esfera pública, em prol de um único objetivo em comum. Ou seja, quando a gente começa a ter diferentes interesses de diferentes incentivos, onde todos esses problemas que você comentou começam a ocorrer: como corrupção, como falta de comunicação, como falta de alinhamento e, consequentemente, falta de execução da daquilo que precisa ser feito na prática. E qual é o desafio de tudo isso? Como as empresas elas podem ser um fator de alavancagem, de otimização e de redução desses riscos que eu comentei anteriormente? Para isso, toda a empresa que se preze com um mínimo de governança corporativa, ela tem um código de conduta, onde alguns temas de problemáticos que você comentou, eles estão descritos e bem descritos do que pode ou do que não pode fazer dentro da empresa e, consequentemente, seus colaboradores devem seguir. E isso é desdobrado para a cultura corporativa e, consequentemente, isso no dia a dia é empregado e é representado desde a liderança até o time mais operacional. Então esse é o principal desafio, que as empresas através da governança elas buscam direcionar isso através da inclusão desses temas na cultura corporativa e, consequentemente, sendo tratado isso no dia a dia da tomada de decisão para garantir que problemas como corrupção, que já aconteceu no passado em alguns casos, não volte a acontecer no futuro.
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Entrevistador: Dentro desses desafios a gente também tem as oportunidades. Então traz para a gente um pouco dessas oportunidades, por exemplo, a boa governança e a transparência. Explica um pouco pra gente como é que a empresa pode fazer.
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Paulo Morais: Legal. Acho que o primeiro passo que toda empresa deveria investir é ter uma boa governança corporativa, com ritos e rotinas que exercitem esses códigos de condutas, e esses deveres e poderes da instituição no dia a dia da empresa. Posteriormente a isso, não basta eu falar que eu executo, mas eu preciso ser transparente e mostrar e abrir as informações para que todos os entes que estão acompanhando isso possam visualizar essas práticas e, consequentemente, aumentar o nível de confiança com relação à maturidade de execução desses processos internos, ou seja, o tema transparência é bastante importante. Por isso que normalmente as empresas divulgam anualmente uma série de relatórios com várias informações que normalmente são confidenciais, justamente para que o mercado possa ter acesso e visualizar se esses processos internos estão sendo executados com qualidade ou não. Posteriormente a isso não basta eu ser transparente se eu não monitoro performance dessas iniciativas, ou seja, ter um bom mecanismo de gestão de performance também é importante para eu mostrar pro mercado que eu estou evoluindo na linha do tempo, ou seja, que eu não fiz uma evolução pontual, que isso se manteve constante na linha do tempo que eu tenho, que eu implemente ciclos de melhoria contínua. E, por fim, eu preciso sempre disponibilizar e prever recursos financeiros e humanos para execução dessas ações de melhoria contínua que forem identificadas, ou seja, a partir daí eu fecho o ciclo e retroalimento a estratégia com os pontos de evolução que a gente identificar no dia a dia.
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Entrevistador: Tem um pouco também de uma área diferente das outras, assim uma atuação no próprio estado, uma modernização do estado, da administração pública, o fortalecimento das instituições democráticas para a gente ter essas leis sendo regidas de maneira correta e sendo colocadas na prática de maneira correta. O papel do estado dentro dessa parte de governança também é importante né Paulo.
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Paulo Morais: Sim, é extremamente importante tanto do ponto de vista de regulamentação, que é ter muito claro e fornecer muito claro para a iniciativa privada o que ela pode ou não pode fazer, quais são as regras desse jogo e, consequentemente, dentro do âmbito de fiscalização, ou seja, não adianta eu promover uma série de regras e não fiscalizar tanto se a iniciativa pública está cumprindo esses poderes e deveres e a iniciativa privada também. Ou seja, essa fiscalização e essa gestão de incentivos entre esses diversos entes, é muito importante para eu garantir que eu não volte a ter casos como ocorreram num passado recente aqui no Brasil.
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Entrevistador: E aí dentro das oportunidades a gente tem que colocar as ações na prática também e, assim, como a gente trouxe nos dois últimos episódios, vamos colocar o lado da população, do consumidor. Como ele pode contribuir para ter uma sociedade mais justa e transparente?
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Paulo Morais: Legal. Do lado do consumidor muitas empresas elas investem bastante em marketing e divulgação dessas ações relacionadas a sustentabilidade e a governança corporativa. Eu acho que o principal ponto é certificar que de fato essas empresas estão executando aquilo que ela divulga que executa e, consequentemente, para evitar o famoso que a gente chama de Green Washing, quando a empresa ela promete algo só que na hora que você entra no nível dois de detalhe não é bem assim que acontece na prática. Então, o consumidor ele tem uma função de ser o ente que pressiona tanto a iniciativa pública quanto a privada para a evolução contínua dos seus padrões, dos seus mecanismos de gestão e, consequentemente, a decisão de compra quando é feita, é identificado algum tipo de desvio de conduta nesses entes, também pode influenciar a tomada de decisão da companhia.
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Entrevistador: Paulo a gente trouxe aqui nesses últimos episódios, desmembrou um pouquinho de cada letra. Foi bem legal esse bate-papo e gostaria que você fechasse para gente com a gente, agora explicando um pouco assim, basicamente a sua visão ESG, o que que você acredita que ser ESG, apenas não estar na fachada que é ESG, mas praticar o ESG é importante para uma empresa.
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Paulo Morais: Eu acho assim, na minha visão, sustentabilidade ou ESG, ele não é mais uma decisão opcional de uma empresa, ela é uma decisão obrigatória. Se a empresa ela tem uma visão de longo prazo de perenidade das suas operações, ela precisa investir em sustentabilidade com um foco muito grande de se preparar para as mudanças comportamentais e ambientais que estão se acelerando nos últimos anos, ou seja, é uma questão de sobrevivência. A empresa que não investir, em poucos anos ela pode deixar de existir. Dado isso, o primeiro passo para se estruturar um bom programa de sustentabilidade é fortalecer os mecanismos de governança que essa empresa já tem do ponto de vista financeiro e do ponto de vista de compliance. A partir do momento que você fortalece esses mecanismos, você pode pensar em estratégias mais direcionadas para direcionar tanto o tema ambiental quanto o tema social, de acordo com a materialidade do assunto para sua operação. E a partir de desse assunto, estar na estratégia, preservar e investir em recursos financeiros e humanos para execução, é o que faz mudar o jogo, porque muitas vezes as empresas elas criam bons programas de ESG, de sustentabilidade, mas não tem a capacidade ou não preservam a capacidade de investimento nesses assuntos para minimizar os seus riscos operacionais no futuro e, consequentemente, esses programas não decolam e aí onde elas correm o risco de fomentar, de realizar o Green Washing caso elas prometam ou falem que estão executando ações que na prática não tem investimentos segregados para esse assunto.
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Entrevistador: Paulo, obrigadão por ter ficado com a gente aqui nessas três semanas, destravando um pouco mais o ESG e explicando um por um nesses três últimos episódios. Obrigadão.
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Paulo Morais: Eu que agradeço, espero ter ajudado os ouvintes e fico à disposição para quem quiser me contatar nas redes sociais para entrar mais no detalhe em determinadas dúvidas. Muito obrigado.
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Entrevistador: Falou Paulo, obrigadão. E agradeço a você também que acompanhou esses três episódios. Se gostou, dê o like nesse vídeo ou no podcast se estiver ouvindo em áudio, se inscreva nos canais da Band News FM. Toda semana tem um novo episódio para você. Visões ESG – Investindo no futuro hoje. Tchau
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